detalhe de foto de José António Barão Querido, alçada da tapada

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Apresentação e elogio do Senhor Rui Nabeiro na cerimónia de outorga do grau de Doutor Honoris Causa

November 22, 2006

Apresentação e elogio do Senhor Rui Nabeiro na cerimónia de outorga do grau de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Évora
Laudatio pelo Dr. Jorge Sampaio

Universidade de Évora
22 de Novembro de 2006

 

 

 

Magnífico Reitor da Universidade de Évora

Senhores Professores Doutores

Senhores Professores

Senhores Alunos

Ilustres Convidados

Minhas Senhoras e Meus Senhores

 

 

Foi com particular prazer que aceitei o convite do Magnífico Reitor da Universidade de Évora para fazer o elogio e de patrocinar o doutoramentoHonoris Causa do Senhor Manuel Rui Azinhais Nabeiro.

Muito jovem – aos 13 anos de idade – começou a trabalhar no negócio familiar de torrefacção de cafés e, mercê do seu esforço e capacidade de trabalho cedo reforçou a sua posição, constituiu uma sociedade com seus tios, e assumiu a gerência da firma, com apenas 19 anos, após o falecimento de seu pai. Animado de forte espírito empreendedor e de uma vontade indomável, fundou no início da década de ’60 a sua própria empresa explorando um armazém de mercearia e uma pequena torrefacção de cafés. Introduziu, mercado de cafés, por esta altura, a marca que o tornaria famoso.

Nesta época, a par das suas actividades industriais e comerciais exerceu o cargo de Presidente da Câmara Municipal de Campo Maior, cargo para o qual viria de novo a ser eleito após o «25 de Abril», num contínuo e persistente esforço de promoção da sua terra natal e do bem-estar das suas gentes.

A independência das antigas colónias após o 25 de Abril viria a afectar toda a actividade de torrefacção e o comércio de cafés já que o País passou de exportador a importador.

Mas foi neste momento que Rui Nabeiro revelou a sua a larga visão empresarial e poder de iniciativa, armazenando largas quantidades de café adquirido em Angola e lançando-se com ousadia numa política de internacionalização dirigida aos países com forte presença de Comunidades Portuguesas.

Tal política levou a sua empresa a penetrar em mercados altamente competitivos, quer da União Europeia, quer nos Estados Unidos da América, Canadá, Austrália, Angola e Moçambique. Realce para a forte penetração no mercado espanhol e, em particular, na Extremadura, onde uma das marcas de café comercializadas pela sua empresa logrou conquistar a posição de líder de mercado.

Sabendo adaptar-se às novas realidades económicas e empresariais e à evolução das actividades das suas empresas, Rui Nabeiro transferiu o sector industrial de torrefacção para uma nova empresa em meados dos anos ’80. Alargou a sua actividade para os sectores agrícola, imobiliário, serviços e hoteleiro, a par do industrial, do comércio e da distribuição. Em 1996 cria uma sociedade gestora de participações sociais para assegurar a gestão deste grupo de empresas.

Rui Nabeiro é um caso de sucesso da iniciativa individual no mundo empresarial. Com pertinácia e engenho, soube aliar a expansão comercial, à modernização e inovação tecnológica na sua perspectiva empresarial, nos processos produtivos, de comercialização e de distribuição, na área do café torrado. As suas empresas são hoje, neste ramo, das maiores torrefactoras da Europa.


 

[Inovação]

 

 


 

Os elevados méritos do Senhor Rui Nabeiro podem ainda ser avaliados, no âmbito do qual lhe é prestada a presente homenagem, pelo seu pensamento e acção no domínio da responsabilidade social das empresas.

Na verdade, Rui Nabeiro assumiu desde sempre a preocupação de encarar as suas empresas como agentes de desenvolvimento sustentável intervindo também nas dimensões social e ambiental, dando impulso e relevo à função social das empresas.

Deste modo, inseriu na sua estratégia empresarial práticas de responsabilidade social que, para além de promoveram a eficiência empresarial, foram elementos dinamizadores do desenvolvimento da comunidade.

Em 2004, reconhecendo as acções concretas neste domínio, a NOVADELTA foi a primeira empresa portuguesa a receber a certificação segundo a norma SA 8000.

Neste capítulo são ainda de realçar os projectos desenvolvidos em Timor-Leste, com o apoio à reabilitação das escolas de Gleno, Leorema e Tibar, e a campanha “Um café por Timor Lorosae“, que financiou a construção da Escola Primária Rui Nabeiro, em Fahité, no distrito de Liquiçá, que tive ocasião de visitar em Fevereiro último.

E, a tudo isto, há a juntar uma acção filantrópica, tão notável quanto discreta, apoiando diversas instituições tais como, Juntas de Freguesia, associações desportivas locais, Corporações de Bombeiros e Escolas de Ensino Especial.

Como reconhecimento do mérito da pessoa e obra de Rui Nabeiro foi o mesmo agraciado pelo Presidente da República com a Ordem do Mérito Agrícola, Comercial e Industrial, classe do Mérito Industrial, com o grau de comendador, em 1996, e promovido a Grã-Cruz no início do corrente ano.

A outorga do grau de Doutor Honoris Causa é sempre uma homenagem a uma personalidade ilustre que se distinguiu pela sua personalidade, pelo seu saber e pela sua obra. Creio que ao escolher o Senhor Rui Nabeiro a Universidade de Évora cumpre o seu legado humanista, com raízes na Renascença, impregnado de uma inegável dimensão espiritual e de abertura à sociedade na qual se insere.

Com este acto e esta atribuição a Universidade de Évora reconhece também a importância decisiva das empresas no contexto nacional, como criadoras de desenvolvimento e de emprego, e da inescapável dimensão de solidariedade que deve hoje ser inseparável do desenvolvimento. Apraz-me muito estar hoje aqui no momento em que no Senhor Rui Nabeiro se reúnem as características do empresário de que Portugal precisa, e também do Homem que permanece fiel aos seus conterrâneos e às suas origens, pessoa de memória e sem rancor.

Regozijo-me, pois, pela decisão que em feliz hora a Universidade de Évora tomou no sentido de distinguir o Senhor Rui Nabeiro com o grau de Doutor Honoris Causa. Trata-se de uma distinção que honra a pessoa e obra de Rui Nabeiro, que lhe testemunha o reconhecimento desta Instituição pelo seu trabalho meritório e exemplar em prol do desenvolvimento da solidariedade e responsabilidade social no âmbito empresarial.

Tenho dito. Muito obrigado.